sábado, 29 de maio de 2010

A tal da felicidade...


Felicidade – “Uma gama de emoções ou sentimentos que vai desde o contentamento ou satisfação até à alegria intensa ou júbilo. A felicidade tem ainda o significado de bem-estar ou paz interna. O oposto da felicidade é a tristeza. Em linguagem comum, quando se diz estou feliz, está-se a utilizar o primeiro significado: o de emoção. Enquanto que se diz sou feliz, se está a utilizar o significado de bem-estar.”


É o que me diz o wickpédia quando procuro respostas para essa palavrinha de simples pronúncia, fácil separação de sílabas, mas tão complicada quanto ao conceito. Nenhuma das definições que encontrei me satisfez. É particular. “Cada um tem dentro de si a própria felicidade”. Foi o que ouvi a vida inteira, mas discordo. Como pode uma coisa estar perdida dentro de mim?! Estou viva há 20 anos com essa coisa vagando pelo meu corpo sem que eu nem a perceba. Impossível. Sei que meu sangue está aqui e confirmar é simples, basta que eu me corte, ele vai jorrar e mostrar seu tom vermelho. Sei que meu pulmão está no lugar porque respiro, assim como meu fígado, que no dia seguinte de um porre faz questão de marcar presença para que no próximo eu não o esqueça. Mas a felicidade, essa não. Trata-se de um jogo esconde-esconde? Existe médico capaz de me abrir inteira e me mostrar? Um colírio especial que me desperte uma visão raio-x e eu identifique. “– Aaaah! fica nesse tubo que liga o cérebro ao coração!.” Uma bebida carregada no ácool que me arranque além de gargalhadas sem razão, esse sentimento tão complexo, mas com algum fundamento?! (só se o porre durar a vida inteira). Quem sabe um energético com efeito definitivo? Chega de hipóteses absurdas, daqui a pouco chego nas balinhas e posso até concluir coisas estranhas. A sorte é quem nem elas duram pra sempre.
Na verdade, felicidade é um estado de espírito. Se me sinto bem, bonita, com saúde, posso me considerar feliz. O que procuro então, não é o GPS desse sentimento, mas o veneno que possa exterminar de uma vez todos os outros que me deixam paranóica.

domingo, 23 de maio de 2010

PERNAMBUCANO



Balada ótima, ou melhor, Night! Afinal, sou carioca. Muita gente linda e patricinhas vestidas com uma roupinha que foi hit do verão que passou, mas que insiste em permanecer: a tal da saia de cós alto e o tomara que caia de coração florescente. Música alto astral, dança sensual, turbinadas e fortões desfilando pra lá e pra cá e de repente, a gente se vê. Difícil trocar olhares em meio a tanta gente se movimentando e luzes tão escuras, difícil analisar cada detalhe daquele rosto de longe. Muda o ritmo da música e as luzes piscam com mais intensidade. Opa! Olhos azuis. Dancei com vontade, olhando nos olhos, me afoguei naquele mar de olhos azuis.
– Ai meu Deus, ele vem aí! – Minha amiga me diz numa voz esbaforida. Meu ritmo se perde, danço uma espécie de sambinha ao som de eletrônica. O que eu vou dizer?! Eu vou gaguejar. Percebo quanto tempo faz que não me acontece uma coisa assim. Então, respirei e joguei os 13 anos de lado. Eu tenho é 20. “Eu quero, eu posso, eu consigo” – Frase barata, de um livro barato de auto-ajuda miserável. Mas serviu.
Conversa vai e vem, voz no ouvido, brincadeiras, risadas e o silêncio mais que oportuno se faz. O Beijo. Bom. Respiração. Adoro sentir a respiração assim de perto. A música alta ficou longe. Aquele céu azul imenso me trouxe a sensação de saltar de asa-delta. “De onde você é?! Sotaque diferente.” – eu pergunto – “Pernambuco” ele responde. Tinha que ter algo de engraçado. Meu dedinho podre ameaçou se rebelar, mas eu não liguei. Não dessa vez. Não me importei com pequenos detalhes, mesmo se tratando de um sotaque engraçado, com algumas palavras diferentes. Mesmo sendo um jeito “cantante” de falar. Embora tivesse sido inevitável imaginar de brincadeirinha nossos filhos me chamando de “mãinha”. Lógico que não saio assim me imaginando casada e com filhos com carinhas de boate, mas foi só por diversão e eu ri comigo sem despertar a curiosidade dele. Foi um riso baixo e disfarçado. Me despedi porque mais cinco minutos estaríamos nos jurando amor eterno e ao som de hip-hop não foi o que sonhei. “Feliz aniversário atrasado” ele me deseja e eu penso “se você quiser pode ser adiantado, ano que vem faço 21” e por fim um beijinho muito fofo com ar de despedida definitiva. Quando acontece na boate o prazo de validade da ralação é de trinta minutos no máximo. O tempo não perdoa, a relação desgasta. Mas saí feliz porque a naturalidade era engraçada, mas pelo menos o nome não era algo como “Roberval”, ou “Mirosmar”. O que?! O nome?! Não. Isso eu vou guardar comigo. Aquele Pernambucano que abriu a cortina para os meus 20 anos entrarem em cena.