domingo, 4 de abril de 2010

O cotidiano. Dela.


Ela tá sempre por aí. Trabalha, estuda. Ponto. Ponto continuativo, sem vírgulas. É só isso que tem feito. Barzinho? Boate? Cineminha?! NÃO. Ponto. Acorda cedo todo dia, vai trabalhar com uma disposição obrigatória, aquela apenas necessária pra levantar e fazer coisas no automático. Essa não é uma questão da frustração profissional. Gosta do que faz, faz até bem. Mas o que ela quer então?! Que garota chata. Tá reclamando do que garota?! Vive tua vida, para de encher o saco com lamúrias idiotas.
Não. Ponto. Não é assim que planeja viver a intensidade dos 20. Não quer ser a inspiração de músicas do Chico Buarque, dizendo que “Todo dia ela faz tudo sempre igual”, aliás, nem do Seu Jorge com “Burguesinha” que é o sonho de toda garota soberbinha de 20. Essa não é soberba. Não sonha em manipular mil olhares, despertar todas as atenções. Quer apenas que uma hora dessas, pode ser no metrô lotado, ou nas ruas do bairro em que trabalha, alguém assim como quem não quer nada, repare em sua beleza comum. Alguém sinta o cheirinho de rosas tímido que exala quando ela passa. Alguém por aí, também perdido, querendo ouvir, ser ouvido, fazer carinho e receber. Essa troca super comum que anda cada vez mais extinta.
Em seu quarto depois de um dia cheio de rostos diferentes, depois que tem certeza de que não foi nenhum dos que viu, pega sua camisola de ex-menina e vai pro banho, não só se livrar do suor, mas pensar, lembrar, virar e revirar sua memória na busca daquele que a percebeu sem que ela percebesse. Sem sucesso. Chora, se enxágua, se seca. Diante do espelho, procura o que há de errado tendo certeza de que o errado está lá fora, no mundo que recusa romantismo. Este é o ritual de antes de dormir. O clássico “boa noite” com falsa animação e... cama. A parte boa é que o esgotamento não lhe deixa substituir o sono por choro. Dorme rápido e tudo se faz igual às 6:00 da manhã. Tudo de novo: Motivação mecânica, metrô lotado, rostos diferentes e vazios, dia cheio com um fim vazio. Ponto final.


Ao som de: Música - Vanessa da Mata

4 comentários:

  1. amigaaa, cada texto melhor que o outro, cada dia vc se supera mais e mais paranéns de novo pelas palavras lindasss preciso dizer de novo q eu sou sua fã *_* .T.

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  2. E a vida não é um ir e vir infinito, sem sentido algum. Mesmoo amor, o maior e mais debatido e decantado de todos os sentimentos, não é em si uma quimera, uma invenção química de nosso organismo e nem por isso menos importante. AQ vida é em si comum, o que nos faz sentir a leve brisa da felicidade é a sensação de tirarmos a atenção em nós mesmos e a depositarmos em uma outra pessoa. Se vc pensar bem, Thayane, quando se encanta por alguém, não é necessário nem beijar essa pessoa, o simples jeito de ser e de agir dessa pessoa já te causará uma sensação profunda. É um reconhecimento de uma parte sua perdida por aí. Pode parecer ingênuo o que acabo de transcrever, mas não o é: nosso incosciente traz em si o nosso ideal amor. daí que quando encontramos alguém que se pareça ou se aproxime desse ideal, somos tocados por uma sensação diferente. Isso em nada tem haver com a outra pessoa, mas com nós mesmos, com nossa idealização. Fora isso, a vida segue sua rotina burocrática, calcaga nas surpresas da rotina. Se é que há surpresas na rotina. A mesma rotina, que quando mudar, a de nos fazer falta.

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  3. To gostando de ver heim amiga, sempre arrazando com esses seus textos! Um já faz até parte do meu Perfil e com direito a tudo. Ao final tenho orgulho d escrever: "TEXTO DE THAYANE ROCHA" e é isso ai, cada vez mais textos e no final das contas ainda estarei no lançamento do seu primeiro livro. Bjosss

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