domingo, 24 de outubro de 2010

Henrique.


Ontem ele disse que eu nunca escrevi nada pra ele. E me dei conta de que era verdade. Como pode?! É óbvio, boa parte do que tenho aqui, foi escrito por causa dele, mas nunca de forma direta. Ele é o tipo de amor que nunca acaba. Eu vou e volto, tenho mil relações relâmpago, paixonites, mas o amor dele tá sempre presente. Aqui dentro, quietinho. Ele é o solteirão de 30, lindo e charmoso que só de pensar, fico louca assim como da primeira vez que o vi, usando aquela roupinha branca, o Ray Ban que já é marca registrada, aquele cabelo liso que ele joga de um jeito provocante, o brinquinho na orelha e aquela tatuagem no braço. Ele é o tipo de cara que atrai mulher carente daquelas que babam o cara, só pra tirar uma foto mostrando intimidade e exibir pras outras carentes, sabe?! Vacas. Eu morro de ciúmes. Mesmo não podendo. Eu sou a carente mais carente do histórico dele. Mas eu sei que posso. Ele me diz que posso.

Perguntas estragam noites.


A gente curte. Faz charme. Vai ao banheiro toda hora reforçar o make. Fala sobre o quanto somos ocupadas. Acha incrível qualquer engana-mocinha que eles digam. E joga o cabelo pro outro lado pra mostrar o brinco que ganhamos do namoro passado, mas é claro, ele não sabe. Beija. Beijo bom, as vezes não. Finge que gosta, ou gosta mesmo. Ficamos a noite inteira com questionamentos engasgados. 
 

sábado, 23 de outubro de 2010

De Miss Sunshine à Pretty Woman



Eu sou mulher agora. Mais que muitas por aí. Eu sou por fora, o que elas são por dentro. Eu nasci do avesso. Sentimentos a mostra Em mim tudo é exposto. Eu escrevo. Eu xingo. Reclamo, exijo. Sou resistente e frágil. Durona e chorona. Porra louca e recatada. Eu olho nos olhos. Encaro. Enfrento. Ando de salto, jogo os cabelos, dou topada e continuo bancando a sexy. Eu bebo. Eu menstruo. Eu gosto das Pin Ups. Não uso mais os sapatos com números maiores da mamãe, ou roubo seus batons. Hoje em dia escolho o tamanho dos saltos e me maquio sem ajuda.
 Quando não quero, simplesmente saio de havaianas e desfilo sem make. Sou eu mesma por minha conta e risco. Já chorei ouvindo músicas da Sandy, hoje gargalho debochado com Pagú na versão da Maria Rita. Já fui meiga, hoje eu sou franca.
 

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Anjo.


Se eu acredito em anjo? De hoje em diante sim. Aquele cabelo me dizia tudo. Eles são assim, eu sei. Cachinhos. Lindos cachinhos. Aqueles olhos. “Olhos de ressaca”, como diria Dom Casmurro. Quase me engoliu, aquele mar verde e misterioso. Duas janelinhas abertas para as ondas do mar, aquele olhar. E o sorriso?! Pedacinhos de nuvens brancas que me ofereciam o céu. Sim, fui passear com um anjo.Aquelas asas me levaram a um mundo de fantasias sem nem sair do lugar. Um anjo moderno, com asas tatuadas e ao invés de roupinhas brancas: bermuda e chinelo.
 

domingo, 3 de outubro de 2010

Vida de Coisa


Vida de coisa é triste. É... Coisa. Daquelas guardadas no armário com cheiro de naftalina. Aquelas que a gente nem lembra que tem, mas quando pega fica com pena de jogar fora. Coisa no cantinho da prateleira, escondidinha pra não ocupar espaço. Tem gente que é coisa. Gente que se esconde, pegando aquele cheirinho de guardado, ali no cantinho, despercebido. Gente que esquece pra que serve viver.
Esquece sua missão aqui na terra, na vida. Gente que se torna coisa ao longo da vida. Gente que assiste a vida só quando alguém abre a porta, mas logo fecha É bom tomar cuidado pra não virar coisa. Gente-coisa é do tipo que resmunga quietinho pra ninguém ouvir, mora na prateleira, na estante, no armário. Acontece.